Circuito Sebrae/PR
sexta, 24 de julho de 2015
Circuito debate perspectivas e aponta caminhos para a indústria da moda em tempos de crise
Café da manhã e talk show com economista, promovido pelo Sebrae/PR, põe em foco o cenário político e econômico e os impactos no setor do vestuário paranaense; evento vai reunir empresários convidados em Maringá, Terra Roxa, Apucarana e Francisco Beltrão
Alavancar um setor que, desde 2003, sofre com a perda de competitividade frente à avalanche de produtos importados da Europa, América Latina, Sudeste Asiático e China é um dos grandes desafios da indústria nacional de vestuário, uma das áreas mais afetadas pela crise econômica do País. As perspectivas não são boas: na última década, as importações vêm registrando aumento anual de 34%, o que motivou um salto na participação de produtos internacionais de 4% para 12%, de 2009 para cá. Apesar disso, há luz no fim do túnel, garante o economista Leonardo de Assis Santos, da Cortex Intelligence, do Rio de Janeiro, que, junto com empresários convidados, conduz quatro talk shows sobre o assunto.
O Circuito Inteligência Competitiva - Perspectivas Brasil 2015/2016 reúne empresários atendidos pelo Sebrae/PR, para debater o cenário político, econômico e de mercado no Brasil e os possíveis impactos no setor do vestuário paranaense. O evento, um café da manhã com talk show, ocorre nos quatro polos têxteis do Estado que têm programas do Sebrae/PR em andamento: em Maringá, nesta quarta-feira, dia 22 de julho, no escritório do Sebrae/PR; em Terra Roxa, na quinta-feira, dia 23 de julho, na sede do APL (Arranjo Produtivo Local) Moda Bebê; em Apucarana, dia 29 de julho, no escritório do Sebrae/PR e em Francisco Beltrão, dia 4 de agosto, no Francisco Beltrão Palace Hotel.
Coordenadora estadual do Vestuário do Sebrae/PR, a consultora Carla Werkhauser explica que o objetivo é levar informações contextuais a empresários da indústria da moda, apontando caminhos para a sustentabilidade financeira em um período difícil da economia. “O empresário de micro e pequena empresa acaba focando o dia a dia do negócio e tem pouco tempo para analisar essas informações de mercado, políticas e econômicas. Queremos debater como eles podem se antecipar às tendências e buscar oportunidades”, detalha.
Segundo Carla, o número de empresários convidados varia em cada região, mas estes convidados já participam de projetos do Sebrae/PR. Após a apresentação do economista da Cortex, com foco em indicadores econômicos e perspectivas, dois empresários da própria região conduzirão o debate entre o especialista e os colegas. “Ninguém melhor do que o empresário para conduzir um talk show sobre o setor dele. Faremos essa experiência nova também, de não ter um técnico na condução do debate”, antecipa a consultora do Sebrae/PR.
Gerente da Cortex Intelligence, Leonardo de Assis Santos afirma que, embora os produtos do Paraná sejam mais competitivos se comparados aos de outros estados brasileiros, ainda é preciso crescer em fatores como logística e divulgação. “O Estado é um dos polos do Brasil, em termos de vestuário, por ter escala de produção, primazia em moda masculina e uma moda bebê forte”, destaca. Ainda assim, o empresário pode esperar um ambiente bem difícil nos próximos meses. “A tendência é que crise se agrave mais ao longo do ano e início do próximo, com perspectiva de recuperação a partir do segundo semestre de 2016, a partir de redução da inflação e melhorias das condições, para que as pessoas voltem a consumir vestuário.”
Uma das saídas interessantes, aponta o economista, é olhar “com mais carinho” para a exportação como alternativa para o setor. “É um caminho interessante e pouco explorado. O dólar está bem valorizado e o setor não é pequeno, tem uma escala produtiva que permite tentar competir no mercado internacional”, pontua Santos. Além das perspectivas gerais do setor, ele conta que as palestras terão um foco nas especificidades de cada região, com soluções para as empresas encararem a crise.
Em Maringá, que abrange os empreendedores de Cianorte, ele vai tratar de nichos de mercado. Já em Terra Roxa, no oeste do Estado, as possibilidades de explorar nacional e internacionalmente a moda bebê estarão no centro do bate-papo. A moda masculina, com boa escala produtiva, é uma saída para os empresários do sudoeste paranaense. “Eles são fortes nacionalmente, conseguem competir com empresas de fora sem complicação, é só questão de foco”, opina o especialista.
A maior dificuldade do setor, na visão de Santos, é a atravessada pela indústria de bonés de Apucarana, que enfrenta uma concorrência de produtos asiáticos. “Provavelmente, eles terão o maior trabalho para se reinventar. Vejo como caminho o investimento em mecanização e novos produtos, em um nicho de sustentabilidade, como o slow fashion. Faz mais sentido ir por aí, do que tentar batalhar por um custo que faça frente ao produto chinês”, defende.
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