O Paraná deve ganhar até o ano que vem uma nova Sociedade Garantidora de Crédito (SGC). Associação formada por empresários para conceder aval para financiamentos, a ferramenta já está presente em cinco regiões do estado. Juntas, estas SGCs emitiram, desde 2006, R$ 23 milhões em garantias a pequenos empresários, permitindo o empréstimo de mais de R$ 32 milhões para seus negócios.
A sexta SGC será sediada em Curitiba e deverá atender as regiões metropolitana e leste paranaense. Das outras cinco SGCs do Paraná, três estão em operação plena – a Garantioeste, Noroeste Garantias e Garantisudoeste, das regiões de Toledo, Maringá e Francisco Beltrão, respectivamente. A Garantinorte, de Londrina, e a SGC Centro Sul, de Guarapuava, ainda estão iniciando as atividades.
De acordo com o coordenador estadual de acesso a serviços financeiros do Sebrae-PR, principal parceiro das SGCs, Flávio Locatelli Júnior, a nova garantidora está em fase de constituição e definição de parceiros. “É um projeto que precisa ter muito engajamento empresarial. Levamos a proposta para eles”, afirma. Um levantamento vai dimensionar o aporte de recursos necessários para pequenas e microempresas da região de Curitiba. A estimativa é que o fundo de garantias gire inicialmente em torno de R$ 2 milhões a R$ 4 milhões.
Em Londrina, onde a Garantinorte se prepara para iniciar as operações, há um pré-cadastro com empresas interessadas, e a capacidade inicial é de avalizar R$ 500 mil em projetos. Para o vice-presidente Rodolfo Zanluchi, conforme as operações forem sendo realizadas, a cultura das sociedades garantidoras será mais difundida. “Nem todos os municípios têm conhecimento sobre as SGCs. No modelo, o ganho é para três – a sociedade, o empresário que consegue crédito e as instituições financeiras, que abrem seu leque de clientes e têm mais condições de serem reembolsadas”, aponta.
Funcionamento
Locatelli explica que, dos valores financiados através de uma SGC, até 80% são garantidos pela sociedade junto às instituições financeiras. Na prática, empresários que não têm garantias para conseguir crédito no mercado procuram a SGC para atender suas necessidades financeiras. Cada empresa é submetida à análise de capacidade de pagamento e condições do negócio. Quando aprovado, o crédito é negociado juntamente com as demandas apresentadas por outros empresários, e, com isso, melhores taxas são trabalhadas com bancos e cooperativas de crédito.
A SGC não empresta o dinheiro ao empresário, mas o avaliza. Este aval é, em muitos casos, uma das maiores dificuldades de quem tem um negócio e precisa investir em inovações, aquisição de equipamentos ou mesmo capital de giro. “Para os bancos também é uma operação muito mais segura. Se houver inadimplência, é a garantidora quem cobrirá a dívida”, explica Locatelli.
Os associados pagam uma taxa de adesão e porcentual sobre os empréstimos avalizados.
Empresário busca crescimento
No segmento de rótulos, etiquetas e embalagens há oito anos, o empresário Marco Antônio Basta, 33 anos, de Maringá, enfrentou dificuldades para fazer o negócio engrenar. Quando tentava emprestar dinheiro para investir na empresa, há pouco mais de um ano, a falta de garantia para empréstimos bancários era um empecilho. “Com uma empresa nascendo, é muito difícil liberarem dinheiro. Se você ainda tem um terreno, uma casa para dar de garantia, pode até ser que dê certo, mas ainda sim é complicado”, lembra Basta.
Ele e os sócios haviam investido R$ 450 mil na empresa e precisavam de dinheiro para fazer o negócio girar. O empresário soube da Noroeste Garantias por meio da Associação Comercial e Industrial de Maringá (Acim) e submeteu seu projeto para análise. Conseguiu R$ 100 mil e já estuda fazer uma nova operação para adquirir mais equipamentos. “Hoje, vejo um mercado muito promissor na minha área. A garantidora foi fundamental”, diz.
Em Francisco Beltrão, o empresário Valdomiro Vander Land da Silva, 42, viu sua confecção mudar depois de conhecer uma SGC.
Quatro anos depois de iniciar o negócio, era necessário investir em qualidade dos produtos e lançar uma marca própria. E, para isso, era preciso comprar uma máquina nova. “Mas como não tínhamos muito faturamento, não despertávamos atratividade de instituições financeiras”, comenta.
Com o investimento de cerca de R$ 40 mil, avalizado pela Garantisudoeste, a situação é outra. “Hoje já está mais fácil para conseguir financiamentos até com outras instituições. Foi uma experiência muito válida”, afirma Silva.
Fonte: Gazeta do Povo