Fim de Ano

terça, 28 de outubro de 2014

Comércio tem baixas expectativas para contratação de mão de obra no fim de ano

Tradicionalmente, os lojistas se preparam para atender uma maior demanda de clientes no final do ano. O período fica aquecido devido ao Natal e Ano Novo, férias e injeção do 13º salário no mercado. Para atender o aumento no número de clientes, uma das medidas é a contratação de mão de obra extra, os chamados empregos temporários. Porém, neste ano o cenário está atípico, os empresários estão com dificuldades para encontrar funcionários e inseguros com as vendas.

O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) realizaram levantamento nas 27 capitais do país e revelaram que 53% dos empresários (comércio e serviço) já contrataram ou pretendem contratar trabalhadores temporários. As instituições estimam que até o final de 2014 aproximadamente 209 mil temporários irão preencher as vagas de emprego disponíveis.

Contudo, em relação às contratações de 2013, isso mostra que os empresários estão mais contidos em contratar. No ano passado, estimava-se que 233 mil vagas seriam criadas para o mesmo período. Em 2014 também aumentou o número de empresas que estão esperando os sinais positivos do mercado para contratar - em 2013 eram 20% e estes passaram para 28%. Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a elevação do percentual de contratações tardias sinaliza que o empresariado está cauteloso, esperando até o último momento para investir em mão de obra temporária, a fim de evitar prejuízos e gastos desnecessários com a folha de pagamento.

Para o presidente do Sindicato do Comércio da Região de Pato Branco, Ulisses Piva, a contratação de funcionários extras está bem devagar. "Acreditamos que este ano não haverá tantas contratações. Nós esperamos que o mercado dê uma aquecida, mas a expectativa ainda é de crescimento de 3% nas vendas em relação ao ano passado e isso é muito pouco. No mês de novembro teremos mais noção da situação, mas esperamos que haja uma reviravolta, porque mais empregos é bom para todos", avalia Ulisses.

Faltam funcionários

Para empresários de Francisco Beltrão, a maior dificuldade está em conseguir mão de obra. No período de final de ano, os horários são estendidos e as lojas abrem nos finais de semana, tornando a adesão do funcionário ainda mais difícil. "Estamos com vagas disponíveis e estamos procurando, mas contratamos normalmente no início de novembro, porque é preciso de tempo para ensinar todo o sistema de vendas", diz Lucas Andrade, da Tic Tac.

De acordo com a pesquisa do SPC Brasil e do CNDL, as perspectivas de vendas para o fim de ano esboçam um quadro positivo, embora com menos intensidade se comparado com a expectativa observada na pesquisa do ano passado. Se o percentual de pessimistas caiu de 12% em 2013 para 6%, em 2014 o índice de empresários que acreditam em vendas superiores às registradas no ano passado também retraiu, de 55% para 46%.

Lucas comenta que há dificuldades em contratar. "É difícil encontrar pessoas com disposição para trabalhar, até porque final de ano os horários são diferentes e a mão de obra está defasada, com pouca qualificação", destaca. Mas ele ressalta que "nós estamos otimistas com as vendas do final do ano, pois sempre falam que o Dia das Crianças é o espelho do Natal, e as vendas no Dia das Crianças foram muito boas pra gente".

Cristiane Trevizan, da Arenque, passa por situação parecida: ainda não contratou porque não encontrou profissionais. "Precisamos de mais duas temporárias e com possibilidade de serem efetivadas, mas está muito difícil, porque existe muita rotatividade dos funcionários no comércio. No verão é sempre maior o movimento e as perspectivas são boas para as vendas no final de ano", entende Cristiane.

Em Palmas, o proprietário do Lojão Quase Tudo, Soni Martins Varella, também está otimista para as vendas de final de ano e, para ele, se for igual ao ano passado, já é bom, pois no período as vendas foram significativas. "É de praxe contratar mais funcionários para o fim de ano. Nós estamos recebendo currículos e vamos contratar no início de novembro. Estamos esperando uma boa venda para este período e precisamos contratar no mínimo mais quatro funcionárias", assegura Soni.

Perfil do trabalhador desejado

De acordo com o levantamento do SPC e CNDL, as funções mais procuradas pelas empresas são as de vendedor e balconista (46%), caixa (28%), garçom (24%), estoquista e repositor (15%), auxiliar de limpeza (10%) e ajudante de cozinha (6%).

A pesquisa procurou conhecer as características pessoais e as habilidades profissionais dos empregados mais requisitadas pelos comerciantes e prestadores de serviços. Ser dinâmico (53%), comprometido (37%), trabalhar em equipe (26%) e ser comunicativo (25%) são as principais características desejáveis para o profissional buscado. Outra característica curiosa é que o público feminino tem mais oportunidades nos empregos temporários: 44% dos empresários entrevistados preferem mulheres, principalmente entre as empresas do setor de comércio (46%).

Para completar o perfil, 60% dos empresários buscam profissionais com até 34 anos de idade e, para 89% dos recrutadores, ter o ensino médio completo ou incompleto é o suficiente para se ocupar o posto, mesmo que o trabalhador não tenha um curso extracurricular na área pretendida. (*Com assessoria)

Salários mais baixos
A pesquisa realizada pelo SPC Brasil e pelo CNDL constatou que sete em cada dez (70%) dos empresários não pretendem aumentar o número de contratações temporárias este ano.

A intenção de efetivação dos temporários também apresentou queda. Em 2013, 52% das empresas pretendiam fazer pelo menos uma efetivação após o término do contrato dos temporários; este ano, o percentual passa a ser de 32%.

Com menos disposição para aumentar o volume de contratações, os empresários também devem diminuir o tamanho da remuneração paga aos seus novos funcionários. Pouco mais da metade (51%) das empresas que fazem uso da mão de obra temporária planeja pagar um salário mínimo (R$ 724) aos contratados. Na comparação entre 2013 e 2014, o SPC Brasil e a CNDL observam que houve queda no intervalo de remuneração de dois a três salários mínimos (de R$ 1.448 a R$ 2.172): no ano passado, 30% das empresas disseram que o pagamento de seus funcionários temporários estaria nesta faixa, enquanto que este ano apenas 28% afirmaram o mesmo.

O salário médio do trabalhador temporário em 2014 deve ser de R$ 935,54. Prática bastante habitual entre comerciantes e prestadores de serviços, o pagamento de comissões como remuneração complementar ao salário deve estar presente em 35% das contratações.
Fonte: Jornal de Beltrão

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