Na manhã da última terça-feira, 12, a Associação Empresarial de Francisco Beltrão (Acefb) recebeu o presidente da Copel Distribuição do Paraná, Vlademir Daleffe. O dirigente explicou a crise do setor elétrico que algumas regiões do Brasil vêm atravessando. Segundo a revista americana Forbes, especializada em negócios e economia, a Copel está entre as 2 mil maiores empresas do mundo. A companhia é a única do Paraná a figurar no ranking, e ocupa a posição 1.765. “Hoje a Copel Distribuição possui 180 mil km de linha, faturou R$ 11,8 bilhões em 2014, possui 6 mil empregados diretos e 4 mil e 500 indiretos”, completa Daleffe.
A região Sudeste do Brasil já vivenciou momentos mais delicados com relação à falta de água. Daleffe analisa as dificuldades que paulistas e mineiros enfrentaram nesse início de ano. “Uma coisa é certa, a estiagem não pode recair a São Pedro. Esta ainda não foi a maior crise hídrica que o Sudeste atravessou. A maior que se tem registro foi entre 1952 e 1953, onde praticamente não choveu nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Naquela época, o planejamento foi feito para se construir usinas com capacidade para reservar água para dois anos. O país acreditou que assim não teria crise energética. Porém, nos últimos quinze, vinte anos, a demanda por energia aumentou e a capacidade dos reservatórios não aumentou na mesma proporção. Hoje, a nossa reserva de água para gerar energia é de três a quatro meses. Se não chover regularmente nos próximos anos nestas regiões, em quatro meses acaba nossa reserva de água que gera energia”, avisa Daleffe.
Ele aponta para questões ambientais que dificultaram a criação de novos reservatórios devido à área de alagamentos, onde milhares de famílias são indenizadas. “Começaram a ser criadas usinas sem reservatórios nos anos 50. Um dos exemplos é a de Salto Caxias. E nos últimos 20 anos a crise energética foi basicamente hidráulica, passando de 95% para menos de 70%, quando começou a ser feita a queima de combustíveis como o carvão nas termelétricas para gerar energia. A má notícia é que devem ser criadas nos próximos três anos usinas hidrelétricas com capacidade para gerar 20 mil megawatts, é quase uma Itaipu e meia. Porém, apenas 1% dessas usinas terão reservatórios.”
Daleffe contou que 30% da energia do Brasil é gerada por usinas termelétricas. Essas usinas são instalações industriais usadas para geração de energia elétrica a partir da energia liberada por produtos capazes de gerar calor, como bagaço de diversos tipos de plantas, restos de madeira, óleo combustível, óleo diesel, gás natural, urânio e carvão natural.
Porque a energia elétrica ficou cara?
O assunto, como relatou Daleffe, é complexo. Ele precisou voltar em 2012 para explicar os motivos que levaram ao aumento nas tarifas de energia elétrica deste ano. Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff fez há três anos um pronunciamento em cadeia nacional dizendo que a energia iria baixar. “Ela disse que haveria 20% de redução nas contas de luz. E até houve. Disseram que o que ela disse era uma ideia maluca. Na verdade, quando se constrói uma usina ela se paga em 30 anos como qualquer outro empreendimento e o governo federal autoriza fazer uma usina para vender energia por esse tempo. Atualmente as usinas brasileiras estão ficando ‘maduras’, ou seja, estão acabando as concessões de exploração de energia. Um exemplo é a de Itaipu, que em 2023 acaba o financiamento e depois haverá apenas os custos de operação e manutenção. Pra piorar, em 2012 teve aquela seca. Neste período de estiagem a Copel Distribuição pagava ao governo R$ 866 por 5 mil megawatts e repassava para os consumidores por R$ 300. Que empresa no mundo consegue sobreviver dessa forma? Foi então que o governo federal foi obrigado a socorrer as distribuidoras de energia, injetando R$ 50 bilhões em empréstimos pra poder pagar as diferenças. Aí virou uma bola de neve e começou a crise do setor elétrico, onde os aumentos foram repassados recentemente aos consumidores”, explica Daleffe.
Investimentos
De 2011 a 2014 a Copel investiu R$ 13 milhões em Francisco Beltrão. Daleffe lembra que nos próximos quatro anos a estatal deve investir mais R$ 14 milhões. “Será construída no Bairro Água Branca uma subestação de energia elétrica, que só ela vai custar R$ 26 milhões, permitindo que o município dobre seu potencial, atendendo, além de sua população de pouco mais de 85 mil habitantes, atenderá mais 100 mil habitantes. É energia para no mínimo 20 anos.” A construção da subestação deve iniciar ainda em 2015 com entrega previstapara meados de 2017.
Pergunta de ´dona-de-casa`
A presidente da Câmara de Vereadores de Beltrão Elenir Maciel (PP) pediu se a tarifa da luz continuará subindo, vai estabilizar ou tem possibilidade de baixar. Entre sorrisos, Daleffe respondeu: “Tenho uma boa e uma má notícia. A má é que no próximo dia 24 de junho haverá novo reajuste nas contas de luz, mas não posso revelar de quanto será esse percentual. A boa é que dentro de três, quatro anos, o valor da energia tende a baixar para o consumidor.”
Momento empresa
Sidnéia Villela e Osvaldo Tavares da Pulsar Propaganda de Guarapuava participaram do “Momento empresa”. Sidnéia explica porque a Pulsar, com 22 anos de mercado, decidiu se instalar em Beltrão. “Resolvemos abrir uma filial da Pulsar no Sudoeste devido ao crescimento da região. Ainda estamos verificando um local para nos instalarmos, mas não deve ser na área central, porque percebemos a dificuldade em estacionar veículos nessa região da cidade”, diz Sidnéia. A direção entidade empresarial ressalta que todos os empresários sempre estão convidados a participar do Café Acefb.
Crédito: Darce Almeida/Acefb
Fonte: Assessoria/Acefb